quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Sábia previsão

Talvez no dia que você pare pra ler, meus olhos já não estejam mais focados em você. Peço perdão por todas as vezes que eu tentei lhe compreender e dar mais uma chance. Pelas vezes que, ao me deitar, ficava pensando nos meus erros - míseros e muito perdoáveis - e tentava encontrar neles a grandiosidade que você sempre via, e era motivo de discussão. Acho que, mais ainda, preciso pedir perdão por entrar assim na sua vida e querer ser diferente, querer ser aquela que, meu querido, nunca vou ser, e por permanecer aqui tanto tempo assim.

Essa inconstância nos matou aos poucos. Eu já sinto. Triste foi a hora que resolvi acordar dessa idealização, que eu dizia ser típica dos românticos, e descobri que é uma mera ação de nóis mortais. Mera ação. Foi isso. Creio que cansei de esperar.

Talvez você nunca entenda o que estou escrevendo aqui. Leia e clique "delete", deletando, assim, tudo que nós passamos - que, talvez, também não tenha sido nada. Eu só queria uma despedida concreta, digna de quem está exausta de se despedir.

Quem sabe a gente sente para conversar e, mais uma vez, eu olhe em seus olhos e acredite no que estamos vivendo. Quem sabe eu esteja fazendo de uma pequena coisa, uma grandiosidade desnecessária. Talvez pra você, talvez pra mim. Talvez para os dois que nunca ligaram.

Não me incomodaria saber que, neste exato momento, você acha que sou louca e que tudo isso veio do nada. Pode ter vindo. Ou não.

Agora somos só dois jovens que não se importam tanto assim com o outro, curtem sua limitada vida - que, para eles, é a melhor possível - e competem. Competem tudo. Não são satisfeitos, também não estão satisfeitos, pois nada os agrada.

Deve ser por isso que reclamamos de tudo. Da falta ou do excesso. E é assim. A gente segue olhando para o nosso caminho. Talvez, realmente, eu não tenha sido explícita. Assim, como você não foi.

Se o que faltava era isso... eu te amo, mas isso não basta.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ela, ao se deitar, levava sempre a garrafa azul de água, que colocava ao lado de sua cabeça na cama. Dormia com tranquilidade, embora ele não saísse de seus pensamentos. Ao mesmo tempo que a aterrorizava em sonhos - aquele onirismo diabólico simbolista, que, sinceramente, não cola nas experiências cotidianas - também a silenciava. Suas manhãs, que eram mais do que estressantes num ambiente que tornara-se um tanto quanto godforsaken, eram esquecidas quando lembranças daquele delicado sorriso, impecavelmente limitado por lábios suaves, que tanto acariciavam quanto sugavam sua alma, apareciam. Passava horas analisando a geografia de um corpo, que mesmo humilde, a marcava tanto. E assim, gastava as horas do seu sufocante dia. Sua mente não mais se distraía. Ela, sem saber se vivia uma situação recíproca, não se preocupava com o reflexo do amor oferecido, mas sim com a forma que esse poderia ser entendido. Não poupava olhares, mas faltavam-lhe palavras. Sua dificuldade em declamar "eu te amo" ainda não fora compreendida. Ela, sempre tão ojetiva, tão certa e cheia de si, tão segura de si na noite e tão sem forças de dia. Ela, tão frágil, doce e meiga, não expressava um simples sentimento da condição humana. Talvez fosse embarreirada por um mais forte. Esse sim, não mediria esforços para detê-la. Enfim, seguia. Com a cabeça de uma mulher que não pode abandonar sua criança. Porque era assim, educava, explicava da vida - "la vie est belle". Mostrava-se disposta a curtir todos os momentos da forma mais intensa possível, mas nunca ia além, sempre com um mero "pára". O que ele não sabe, é que ela, sempre tão ela, tornava-se só mais uma em sua presença, e isso a incomodava. Devia ser isso. Certamente era isso. Egoísta. Não queria dividir e nem ser dividiva. A vida, um tanto quanto bem aproveitada, era sua descoberta. Momentos de êxtase total escondidos. Amores em vermelho e aventuras emocionantes fechavam-se dentro do mundo dela, um mundo que ninguém era capaz de conhecer. E que ele, que já fazia parte do mundo, que já tinha tomado conta de repente, ela tentava expulsar. Esforço em vão. Ele já estava lá, disposto a segui-la, contempla-la, magoa-la, isso já se espera. E esse egoísmo, essa dor de querer ser feliz sozinha, que a impedia de seguir adiante. Em pensar que durante todo esse tempo a culpa fora dele. As desculpas foram dele. Mal ele sabe onde ela esteve no último sábado. E assim, meio culpada sem culpa, ela foi se deitar, sem a garrafinha azul, com ele.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

essessimsãopensamentossoltos

Esperar exige muito mais do que paciência, exige vontade. Paciência eu até tenho, mas o que eu mais precisava nesse momento era de uma vontade, um empurrãozinho no ânimo! Por que é que quando a gente consegue o que quer começa a achar que não queria?! Não pude entender ainda. E aí eu tento, tento achar que era engano ou que eu sabia que seria assim. E, mais uma vez, faço aquela idealização típica dos românticos que, coitados, acabam por matar-se no final. Talvez tenha que ser assim, por cada um nós morremos um pouco. Sim, eu sei que você já me disse isso antes, mas descarto o "eu avisei". Enfim, entendo a preocupação de todos e digo, não me adequo mesmo a política da boa vizinhança, mas a educação manda um humilde "brigada" que, simples e unico, consegue, no seu coração, causar um alívio de que está me ajudando. Sim, nós pensamos diferente. Sim, nossos mundos são diferentes. Sim, não faço por onde e nem você. Sim, somos OS MESMOS.
Sim, somosSÓNOISDOIS.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Tudo muito bom !

Você caminha, sorri quando olha aquela prova de química que, se não fosse sua querida amiga, não resolveria a mais humilde das questões. Sorri também pelos desencontros que a vida lhe arranja proporcionando os melhores encontros já imaginados. Sorri porque no próximo fim de semana você mal terá tempo pra si mesma, muito menos para eles. Sorri, porque aceita tudo do jeito que é, ou melhor, está aceitando tudo que mostrar ser exatamente o que vê. E deve ser por isso que você não reclama, não briga, não liga. Deve ser por isso que você está tão bem com você mesma, que nem a mais importante das criaturas - aquela que te inferniza há dois carnavais sufocantes - poderá desfazer sua felicidade.
E os momentos de angústia debaixo do travesseiro não aparecem mais... A vida é Bela, não?!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Aquele vazio

E o que acontece quando não há mais o que fazer? Quando bate aquela vontade intensa de viver os dois lados da situação? Na verdade, não se faz nada. Pelo menos, eu que sempre fiz questão de colecionar conselhos, aprendi isso. É só esperar, dar tempo ao tempo e tudo passa- é o que eles dizem. Mas eles nao vivem o que voce esta vivendo, se é que me entende. Eles, que dizem querer seu bem, e que isso voce já sabe que é, realmente, a verdade, não sentem a situação. Não sentem uma coisa que dá aqui dentro e que impulsiona, as vezes, para o outro lado. Uma sensação que mistura sonhos, desejo, necessidade, loucura... com amor. Que traz efeitos colaterais - fisicos ou mentais. Porque é assim, a cara fica abatida, os habitos mudam, e aquele sorriso, que muitos gostam de ver, já não sai mais. Mas nada é por vontade própria. Essa vontade vem la de dentro, parece que da alma, e vai enrolando tudo (como aquela sensação nostálgica de fim de viagem quando estamos enrolando a barraca e ai paramos pra dar uma ultima olhada naquele ambiente, que a gente tenta nao acreditar que será a ultima vez que estaremos olhando) e ai sai, ou nao, fica presa na garganta. Uma vontade louca de jogar tudo pro alto e seguir a vida gritando momentaneamente a liberdade, e uma de esquecer tudo que passou e seguir sem olhar pra tras. Tentar ou nao?

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Tão...

Tão desligada que nem sabe mais o que falar, o que pensar e sequer o que sentir. Tão distraída que confia em qualquer um que se mostrar presente. Tão enlouquecida que já acorda querendo que o dia termine e tão calma que não se preocupa mais.
Tão cansada de ouvir a mesma história, partiu para outros conselhos. Tão segura de si que já nem mais os ouve. Tão aberta a novidades que se fecha em suas insignificantes descobertas. Tão perdida, tão derrotada. Tão esperta que nem abre os livros. Tão ignorante que nem procura se informar.
Tão certa de suas ações que já se prepara para ouvir a desculpa dos outros. Nem sabe mais dar desculpas. Tão sincera que já virou uma mentirosa. Tão experiente que procura loucas experiências. Tão consciente que prefere não as comentar. Tão criativa que já começa a imitar.
Tão viajada que não sai do lugar. Tão jovem que procura aonde ser velha. Tão confiante que segue em frente. Tão menina que se acha mulher. Tão mulher que se esconde em uma menina. Tão preparada que foge da conversa. Tão ocupada que já criou desculpa. Tão resolvida que está toda enrolada.
Tão 8 que é 80.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Pós

Aquele clima de tensão que continua - é só o segundo dia, mas parece uma eternidade - as pessoas continuam falando e lembrando o que você poderia ter feito, ou o que, para elas, é engraçadinho. Mais uma vez, deito com minha cabeça no porco recheado de bolinhas de isopor, abraço o coração nostálgico, aqueço meu dolorido pé com uma meia de lã e penso no que virá por aí.

Ela, que, de repente, tornou-se especial continua me dizendo para sorrir e esquecer da vida. Deixar que minhas emoções e desejos me levem aonde eu devo ser levada. Que eu vá de encontro com aquilo que me aguarda.

Marcado ou não, o futuro me aguarda. Pior, ele.

domingo, 28 de setembro de 2008

ressaca moral

Porque, realmente, é isso que acontece. E como ela me disse, aquele texto do dia seguinte surge, mesmo que ninguém perceba. Sua angústia foi maior pelo fato dela mesma não saber o que tenha acontecido, se é que já sabe. Não há notícias. Isolada. Eu tenho certeza que, de todos os motivos, esse é o melhor pra servir de desculpa pra ela aproveitar a vida... como se já não aproveitasse.

Os pensamentos voam, são batidos naquele liquidificador que não distingue ódio de raiva, e nem amor de paixão. Fazer? Nunca se faz nada. No momento, ela sonha com o ensaio que abrirá sua rotina de um domingo, e também com aquele sono que não aconteceu, afinal, dormir era impossível. Pode ser que o efeito do álcool tenha vindo como uma bomba para esse dia. Nunca.

Essa palavra, hoje, martela minha cabeça. Nunca... o vocabulário, cada vez mais amplo, se restringe a essa simples e forte palavra. E, mais uma vez, ela pensa que nunca mais vai decepcionar os amigos, nunca mais vai dançar, nunca mais vai tentar mudar uma pessoa que não quer ser mudada... mais uma vez, o mundinho se fecha e diz: Não os decepcione. Iludida, ela volta a sua rotina de promessas, de alegria para os outros, de distribuição de sorrisos ao invés de doces, de máscaras, e de muitas questões totalmente inexplicáveis.

Isso tudo até a próxima festa...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Vai entender...

Demorei tanto pra fazer isso aqui. Tive que entrar num estado tão grande de insatisfação e esperar não ter mais pra onde ir e nem a quem recorrer...
Parece que vai funcionar, alivia até a alma. Ah, escrita maldita ! Alivia sem sequer transmitir verdadeiramente o que sentimos. Talvez seja essa subjetividade que não leva nada do que está em nossas cabeças, mas ao mesmo tempo, some com tudo. Talvez...
Escrever bem... Sabe quando você lê e parece que leu exatamente o que o autor sentia no momento? Mas ele não sente. Penso que quando escrevo seja assim, para cada um, uma sensação. ...Sempre tive vontade, vai entender.