terça-feira, 26 de julho de 2016

Uma biografia adulterada

No dia 24 de abril de 1992, nasceu um bebê que veio para mudar o mundo, assim como todos os outros bebês, eu penso. Na verdade, a história desse bebê, eu, começou bem antes disso com o encontro de duas almas no meio das milhares de outras almas que habitam nosso universo. Talvez esse encontro que deu origem à minha vida tenha uma explicação cósmica ou divina, uma explicação de outros tempos, mas falar sobre destino ou acaso só prolongará minhas questões sobre a missão humana na Terra. Acredito que estamos aqui nesse mundinho para fazer alguma diferença na vida de alguém. Na vida de “alguéns”. Acreditem, não é fácil se dar conta disso, já posso adiantar para vocês. Segundo os astros, o sol em touro, o ascendente em capricórnio e a lua em aquário já me colocaram no campo da criatividade – o que eu nunca recusei. Desde nova, trocava as bonecas, pedaços de plástico com fios loiros platinados e seios exuberantes, por um rádio sintonizado nas melhores músicas dançantes das rádios locais. A Cida me colocava para dançar. Eu amava. Cida era a moça que trabalhava lá em casa. Cida trabalhou durante 13 anos lá em casa para cuidar de mim. No Brasil, eu só fui entender o hábito da empregada doméstica quase 20 anos mais tarde. Foi ela a grande responsável pela minha liberdade infantil de embalar meu corpo no ritmo da música, o que despertou a atenção da minha mãe e fez com que eu acabasse, com apenas 4 anos, na escola de dança. Precoce, já entrei na turma um pouco mais avançada e, durante 10 anos, vivi a dança como sopro principal da minha vida. Eu vivi a dança com seriedade e absorvi a responsabilidade, pontualidade e o respeito pela hierarquia em uma sala de aula ou em um ambiente de trabalho. Na adolescência, precisei interromper meu sonho de ser bailarina por saber que, dentro da sociedade em que vivia, minhas condições físicas não permitiriam que eu exercesse profissionalmente essa profissão, pelo menos não como bailarina clássica. Eu vivia disso seis dias por semana, sem folga, sem férias. Precisei abandonar aquela imersão no mundo da dança por necessidade, mas eu era sedenta por arte. Eu iria descobrir isso muito em breve. Quando me deparei com o buraco que esse abandono deixou em minha vida, pensei que a solução seria experimentar algo novo e resolvi me arriscar no teatro. Foi aos 14 anos, então, que entrei, pela primeira vez, numa sala de aula de teatro. Foi mágico. Penumbra, cortinas, chão preto de madeira, cadeiras dispostas formando uma plateia, jovens sonhadores, um professor quase palhaço e um palco. De verdade. Um palco. Eu já conhecia os palcos e as coxias, mas naquele momento meu corpo reconheceu o espaço de uma maneira diferente. Opa. Peraí. Tem voz? Tem fala? Tem eu? Tem Bárbara? Ah, prazer, meu nome é Bárbara. Bárcia. Bárbara Bárcia. Com acento. Quer dizer, sem acento. No artístico tem acento. Mal comecei, já tinha nome artístico. Eu já não era mais a bailarina, era outra função que estava invadindo meu corpo e mandando ordens para meus músculos. Músculos antes tão passivos. É lindo como esse conjunto de matéria tem memória. Consciência corporal, dizem. Desde esse encontro energético com a caixa do teatro, venho me profissionalizando na arte de interpretar. Uma loucura consciente que não consegui mais abandonar. No meio do caminho, outra paixão: as câmeras. Os registros audiovisuais começaram a me encantar e as pessoas, por suas histórias, começaram a se tornar personagens atraentes e interessantes. O dom de observar. Com 15 anos fui para a Amazônia em um trabalho voluntário. Eu e mais poucos colegas levamos donativos para os indígenas e demos aulas de higiene durante 15 dias nas aldeias e comunidades ribeirinhas. Conheci a Amazônia, atravessei a fronteira a pé para Letícia, na Colômbia, meu único contato até então com o país. Após essa viagem, eu percebi que essas duas paixões não poderiam mais sair da minha vida e foi assim que eu entendi que o jornalismo estaria presente de alguma forma na minha caminhada profissional. Minha única saída seria lidar com o fato de que eu precisaria de tempo, paciência e responsabilidade para me dividir em mil tarefas para dar conta de tantos desejos. Eu disse que as pessoas vêm ao mundo para fazer a diferença na vida dos “alguéns" e, ao aceitar que meus interesses mesclavam artes, informação e pessoas, meu destino – se é que agora encontro uso para essa palavra – seria utilizar tudo isso para marcar a vida dos seres humanos que cruzassem meu caminho. Para marcar esses seres, precisei e preciso trocar energia e esquecer qualquer pré-conceito que possa surgir nessas relações. Eu comecei a entender que precisaria deixar o fluxo energético entrar em contato com todos meus sentidos e comecei a entender que meus encontros não eram definidos pelo destino, inexplicável em seu todo, mas pela energia que eu liberava ao pensar nas minhas vontades. Hoje me encontro trabalhando em um canal de televisão, entrevistando pessoas, contando histórias, produzindo conteúdos culturais e tendo a incrível oportunidade de me candidatar a uma bolsa que uma amiga viu no feed dela do Facebook. Após morar um ano na França, viajar sozinha pela Ásia, trocar experiência em alguns lugares do mundo, deposito minha energia para conquistar essa nova oportunidade de desbravar mais uma parte do mundo, conhecendo personagens importantes para contar uma nova história. Que os astros se alinhem para que minha singela e pequena biografia possa ter mais um capítulo. Dessa vez, na Colômbia. O resto eu escrevo de lá. 

terça-feira, 15 de abril de 2014

Sotaques, abraços, amores e amigos.

Às vezes esqueço o que é saudade

Acordei com saudade do cheiro, saudade do sol, saudade dos sorrisos.
Saudade das tardes deitada na grama e das pontinhas das folhas arranhando minha pele. Saudade da embriaguez inesperada e das corridas para pegar o metrô no começo da madrugada. Saudade dos silêncios quando eu não conseguia me expressar em outra língua; saudade dos grandes e belos erros da minha vida.
Saudade das viagens e das mais perfeitas companhias, saudade do verão em qualquer lugar do mundo.
Saudade dos amores prolongados e saudade dos casos sempre inacabados. Saudades de algum ponto mais alto da cidade. Saudade da minha velha Montmartre.
Saudade da elegância, da educação e do respeito. Saudade de tudo que era perfeito.
Saudade de me reinventar. Cantar, correr, gritar e me descabelar.
Saudade do cheiro de beco escuro do velho mundo, saudade dos passeios noturnos.

Saudade, só saudade.

Saudade dos aconchegos daquelas noites de saudade.


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Meu bem

Meu bem,
sensibilidade, sintonia


sem cobranças, só sorrisos
 

Meu bem,
proteção, carinho


Meu bem, minha lista, meu bem


Meu bem,
não quero tempo, quero o vento...




e


quero


      que



                            esse


                                          vento


                                                                  te


                                                                              traga



                                                                                                       aqui



                                                                                                                                       JÁ.


(te tragando aos poucos)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

mais e mais

A vontade chega forte, toma conta do meu espírito e não sossega enquanto não se torna explícita em palavras. Sábios aqueles amigos que ainda guardam um precioso segundo para declarar o amor e o carinho que sentem um pelo outro. Esses muitos quilômetros secam as fontes mais conhecidas, onde sempre corríamos para alimentar a alma em momentos de carência. Divina criatura aquela que ainda assim preserva o calor humano de um abraço antigo, de um beijo apaixonado ou de um olhar cúmplice. Olhar-se no espelho e poder compreender que o presente está completamente ligado àquelas experiências do passado. Delícia de momento, poder viver com outros seres humanos, conhecer vidas, alegrias e desesperos. Delícia poder ser o porto seguro de alguém. Delícia encontrar em alguém esse porto seguro. Delícia de viver. A conexão inexplicável de pessoas que não tinham conexão alguma. Prefiro pensar que amanhã o mundo gira novamente, que amanhã teremos novas surpresas, que amanhã minha alma vai além dela mesma... que minha alma vai continuar se espalhando e encontrando novas energias. Alimentar-se de amor, carinho e sorrisos. Se a vida fosse menos séria para alguns, imagina se a vida fosse simplesmente menos séria. Que diversão! Que maravilha! Imagina se a vida fosse menos, muito menos, fosse uma passagem para preencher o ser humano, uma passagem necessária para ele encontrar um lugar melhor. Se eu soubesse ou pudesse encontrar aqueles que já passaram por aqui, eu perguntaria como é chegar ao final da vida. Olhar nos olhos cansados de ver tudo, olhos seletivos que só precisam ver amor à sua frente, que nem precisam mais ver, mas que se contentam apenas com a sensação de serem amados. Olhos secos. Eu me derreteria com mil sorrisos para ver esses olhos brilharem. Se eu pudesse vê-los novamente, Ah, que olhos lindos! Eu faria tudo de novo e mais. Eu passaria horas multiplicando nossos momentos, passaria horas vendo eles descobrirem de novo, como uma criança, o mundo. Passarias horas ali por uma vida menos séria, sem problemas bobos, sem preocupações estúpidas. Passaria horas ao lado de quem passou horas ao meu lado sem eu nem saber o motivo. Passaria horas amando, amando muito, tornando esse amor algo mais forte, que explodisse em abraços. Mas as horas já passaram e esse amor ficou aqui, preso dentro do meu corpo, amor que pede para sair. Amor que grita. Amor que precisa ser espalhado, que precisa ser oferecido. Amor. Agora esse amor começa a procurar outros olhos secos, outros sorrisos experientes. Meu amor, esse grande amor jovem, não substitui seus amados, só ama mais e mais por aí.

sábado, 4 de maio de 2013

Dorme, menina


Olhos abertos. Nenhum movimento. Silêncio. Minutos que viram horas. Nada. Silêncio. Insônia.

Ela não repara que está sonhando acordada. O tempo é precioso, mas, quando sonha, suas obrigações cotidianas fogem da memória. Impossível saber o que o seu inconsciente oferece como presente e o que ela realmente enfrentará. O corpo reage a essa doentia vontade de apenas sentir o seu peso contra o chão. Não imaginaria que essa sensação voltaria assim tão rápido, uma alfinetada aguda dentro do peito. Ela sufoca. Por quanto tempo fugir? Por quanto tempo negar? O que uma menina-mulher tem a temer nesse momento? A saudade dói. É aí que a mulher fraqueja. Uma dor forte, que rasga a alma, que te deixa horas revivendo lembranças de poucos segundos, lembranças que parecem fotos. Essa dor não avisa, ela te inunda do nada. Um cheiro, um sorriso, um abraço, o calor de uma mão... qualquer coisa que faça sentido com aquela vida antiga. Dizem que faz parte do amadurecimento, da construção da identidade, dizem que é bom deixar doer. E assim a dor se faz presente. Uma dor que grita para preencher os buracos dessa alma.  Dias de dúvida. Mas não fraqueja, menina! Olha para os lados. Olha para os outros bem no fundo dos olhos. Suga dessa nova alma que tem muito para te oferecer. Aceita esse presente. Aceita o novo. O diferente. Sente a dor, mas busca o prazer. Busca os sorrisos novos e ri quando lembrar dos antigos. Agarra o novo... ele também precisa de você. Curte esse momento de dor, isso só mostra quanto amor você trocou por onde passou. Amor de verdade que dispensa qualquer definição para a palavra saudade. Amor que vai deixar saudades para sempre. Amor de todo dia. Amor de um dia só. Mas simplesmente amor. Amores! Lembra mais da mulher, menina! Deixa a mulher sorrir para a época de menina e batalhar pelo que vai chegar. E dorme, menina, dorme. E acorda mulher. Ou um pouquinho menos menina.
                                                                                                                             

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Passando...


Os degraus levavam sempre ao reencontro das velhas amizades. As mochilas ficavam amontoadas no canto da pequena escada, perto do chão, como se ainda estivessem no primeiro período. Já notava-se, nos pés, a mistura de responsabilidade e jovialidade das jovens amigas: sapatilhas sociais e tênis “All Star” completamente desgastados.
Sete olhares saudosos, mas também ansiosos para saber as novas experiências de vida, principalmente após um longo feriado:
– A gente quer saber da sua viagem, Júlia! – gritou a empolgada Elisa.
Bárbara, cortando a resposta da amiga, tentou animar o grupo:
– E eu quero saber quando a gente vai combinar de ir pra lá! Vamos em dezembro!?
Todas começaram a falar ao mesmo tempo para tentar achar um final de semana para a viagem. Perceberam que não conseguiriam ficar juntas e tentaram definir algum programa de despedida de final de ano, afinal três das belas moças ficariam fora do país por quase um ano.
Nenhum assunto durava ali. Nenhum momento era longo o suficiente. Pequenas gotas de chuva aterrisaram nos cadernos jogados e os corpos inertes, jogados na escada, iniciaram o movimento de partida. “Melhor irmos logo. Já passou da hora da aula e vai ser horrível a gente entrar atrapalhando. Sempre acontece isso.”
Toda vez que se sentavam ali, perdiam a noção do tempo. Aos poucos, foram deixando o espaço e caminhando em direção à sala. Deixaram para trás só os pequenos pingos d’água que agora molhavam a escada; um dia deixarão as lágrimas de saudade desse ponto de encontro que ainda as une de alguma maneira, mesmo que entre os apressados 20 minutos de intervalo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Agora!


As experiências nos ensinam tanto. Nos ensinam a amar mais e também a sermos mais cuidadosos. Quando passamos por grandes sofrimentos, pensamos muitas vezes antes de deixar que alguém entre em nossas vidas novamente. Como seres humanos, não queremos ter a sensação de deixar alguém no estado em que já ficamos e levamos algum tempo para definir aquilo como passado.
A gente procura respostas, procura entender onde tudo mudou, onde o caminho resolveu seguir pro trilhas diferentes... e não acha explicação. Criamos fatos, colocamos culpa, sentimos culpa. Quando, na verdade, simplesmente o fato de sermos humanos explica essa inconstância da vida. O simples fato de sermos tomados por milhares de sentimentos e sensações, o simples fato de possuirmos diferentes frequências. É a hora de enfrentar e entender que vivemos em ciclos que se iniciam e se concluem intercaladamente. É a hora de entender que não vamos entender, mas que precisamos aceitar as diferenças e respeitar as escolhas daqueles que por muito tempo nos deram a segurança e confiança.
São os melhores momentos para olharmos para dentro de nós mesmos e encontrarmos aquela felicidade solitária, mas que emana energia para todos os ares a nossa volta! Não a felicidade canalizada, mas aquela que todo dia brilha... e para todos! Aquela que é tão forte que até afasta alguns... é hora de encontrar novamente o sorriso no rosto a qualquer momento, simplesmente porque a lua está linda, ou porque a brisa aliviou seu calor momentâneo. É hora de esquecer os planos e pensar nos desejos do agora, pensar nas vontades, pensar em viver. Então, por favor, me diga que é hora de levantar, sentir-se bem, correr para onde o coração mandar e aprender que estamos na vida para isso. Para sermos maravilhosos e também para machucarmos, mas sendo maravilhosos com o nosso coração. Corre, vai para a janela, sente o vento... sorria! Vá ser feliz agora!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Com todo meu amor ausente...

Meu amor ainda está aqui. A diferença agora é que é um amor ausente.

Não há mais sorrisos matinais, cafunés sonolentos, segredos gritados de um fim de semana com saudades daqueles rostinhos. Não há mais cócegas nos intervalos, nem cadarço amarrado em armadilha. Não há mais cobrança por unha feita, troca de olhares, abraços sinceros, bilhetes anônimos no caderno e estalo de beijo no ouvido no meio daquele cochilo. Não há mais mensagem de celular sem assunto, olhares cúmplices nos momentos de prova, risadas que levam ao choro, ciúmes bobos por falta de atenção do amigo. Não há mais a inocência de apelidos carinhosos, espelhos humanos que mostram e sabem bem nossas características, silêncios de compreensão. Não há mais suspiros de plenitude por estar sempre acompanhado, longos almoços imaginando o futuro. Não há mais tapas implicantes, não há mais psicólogos particulares. Não há mais sonhos de adolescentes, não há mais amor de irmão transbordando. Não há mais saídas às escondidas. Não há mais a gente. Nós. Não há mais.

Talvez eu quisesse que ainda houvesse. Meu peito se esvazia quando vem esse momento de saudade. Talvez eu quisesse que ainda houvesse a gente.Vocês. Mas ainda há uma sensação de pertencimento, uma espiada no facebook, uma mensagem desesperada com a esperança de que estaremos em algum lugar próximo e vamos, como que por acaso, nos encontrar. Ainda há lembrança dos olhares, sorrisos, risadas, do calor, do abraço. Ainda há lembrança de quem fomos. Ainda há amor. 

É esse o amor ausente. Amor saudoso, imagens rápidas, que voam e trazem uma doce lembrança.

Com todo meu imaginário,

Quero vocês.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Voa!

Que o amor sugue tua alma pra que possas

levitar. Voa, passarinho, voa!

e só pousa nos braços daquele que te aquece como em teu próprio ninho.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Com a ajuda do tempo...



E realmente com o tempo a gente aprende. Cada dia, cada descoberta, cada emoção. A gente aprende a viver. Isso implica, algumas vezes, em deixar aquilo que nos facilita a vida e as nossas relações. 
Aprendemos a escutar mais, a respeitar outras opiniões, a olhar dentro de outros olhos e mostrar que aquele infinito é necessário. Aprendemos a ter algumas necessidades. Necessidade de intensidade, de amor, amizade, carinho, bom humor… necessidade de ser feliz. Acho que aprendemos a correr atrás da nossa felicidade sem sermos egoístas, sem passarmos por cima de ninguém. 
Deitamos a cabeça no travesseiro e nos sentimos mais do que plenos, nos sentimos bem. Sentir. Aprendemos também a sentir, a sentir mais, a nos entregarmos ao que aparece. Aceitamos o que cada um tem a nos oferecer e, a cada nova pessoa em nossas vidas, aprendemos a sugar algo que cederemos para uma próxima que irá chegar.
Assim, através de trocas, vamos enchendo nosso copinho e entendendo melhor o que estamos fazendo aqui.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Entre números e sensações

Quando o tempo ocioso aumenta, venho te visitar.


O relógio continua trabalhando enquanto estou sentada nessa cama, mas não entendo que tempo é esse que não pára junto comigo. Acordo, volto a dormir, desperto de novo, sonho de olhos abertos... sempre o mesmo nada. E a cada bisbilhotada, novos números. Por quê? Deveríamos aprender a controlar o tempo. Pará-lo, quando necessário... ou avançá-lo nos momentos de desespero. Mas não, estou aqui, deitada, limitada ao mesmo espaço, janelas fechadas, submetida à uma temperatura que, ainda bem, me aquece e sem perceber nada do que se passa lá fora. Ops, acabei o primeiro livro. Posso tentar pensar no tempo que se leva para ler um livro. Talvez consiga entender melhor o que se passa aqui. 


Cochilei. Perdão, a dor me deixa assim. Não presto muita atenção naquilo que estou fazendo. Talvez não me lembre do final do livro. Bom, leio mais uma vez, um pouco mais de tempo. Algumas músicas me distraem também, mas me deixam aflita, pois já dizem quanto tempo duram e assim fico em contagem regressiva para seu término. Quando não olho para os minutos, ao invés de aflita, fico curiosa. Computador já sem bateria e eu sem coragem de enfrentar os passos gelados até a tomada. Acrobacias na cama, encaro o teto, expulso o travesseiro, junto os pés...


Cochilei. Isso acontece algumas vezes. Cadê o travesseiro? Ah, claro, gelado lá no chão. Enrolo mais uma lã em meu pescoço. Espero mais, tudo bem. Agora acabou a bateria do celular. Pelo menos os números não vão mais me incomodar. Mas não tenho como saber com que velocidade o tempo está passando. Como seráAcho que devagar. Talvez através do barulho da rua. Um ônibus, dois... cinco...


Cochilei. Tenho a impressão de que suportei o tempo necessário. Já não sinto dor. A lã está exagerada. Levanto, abro a janela... luz da tarde. Tempo suficiente para o dia ainda. Eletrônicos sendo alimentados, livros de volta para a estante. E de volta o tempo corrido. Tomar banho correndo, se arrumar correndo, sair de casa correndo... tudo para aproveitar esse tempo. Esse tempo incontrolável e corrido de final de dia.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Abandono necessário

A insônia sempre vem nessa época do ano, ainda mais quando as situações se apresentam tão parecidas. Insônia que a perturba enquanto não escreve.

Uma semana. O tempo que ainda resta para organizar tudo do lado de cá, virar a chave e ir para o outro. Não para de pensar como tudo se encaixa tão bem, como os sinais são tão perfeitos e as vivências só se completam.

Não há mais espaço para sofrimento, muito menos para conversas fora de hora. A preocupação é totalmente pessoal, sem tempo para deixar os pensamentos tomarem rumos distintos. Rumos que trariam agonia ao momento, agonia à essas vidas. Mas aonde está isso? Passou. Foi-se.

Esperou tanto para respirar como agora.

Entender cada passo, palavra e ação. Não esperar nada em troca. Não pensar em carinho ou briga. Estar presente sabendo que a ausência vem caminhando junto. Cada dia de melhora exclama por um tempo que não existirá.

Mas o que desenha as nuvens dessa cabeça? Que formas apresentam esses pensamentos tão distantes e tão únicos? Eles se descobrirão sós até lá. Ou não. Se descobrirão completos, sem necessidade de um apoio futuro.

Correndo contra o tempo, só enxerga a vontade de viver de novo os dias mais felizes, mais íntimos e mais reveladores. Se conhecer novamente. Mais uma vez experimentar o que surgir, ter poder de decisão. Mais uma vez viver como não se vive. Sobreviver aos dias.

Insônia que não a larga. Essa terra já não é mais sua. Se a soltarem, ela correrá, com os olhos abertos. Por isso está presa, com insônia, esperando o dia. Contando os minutos para o dia. Ainda não sabe qual dos dias... qual dos “8” conta para chegar. Mas conta. Está contando. E vai continuar... até ele chegar.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mais uma vez

Só mais um dia.

Acordo com os pensamentos ainda bloqueados, congelados na mesma cena. Aquele momento me envaidece, ele me chama a cada minuto em meus pensamentos. Delicadamente, como não imaginava mais ser possível, me recordo de suas doces e sinceras palavras em meusouvidos. A cabeça ligeiramente virada, os olhos no infinito, os pensamentos muito longe e eu esperando que aquela sinfonia ecoasse para todos os meus sentidos. Tenho o cheiro ainda forte, pensar na sua pele já me esquenta, os gritos ou sussurros ainda próximos... é uma lembrança tão recente e tentadora, mas não consigo alcançá-la. Os desejos me preenchem a cada segundo que passa, oscilando entre improvisos ou cenas há muito já pensadas ou ditas. Pequenos e despretensiosos planos acabam agora em uma só vontade, que quase explode na alegria de ser dividida. Divisão, um bom ato para o momento. Divisão de dores, de carinho, de vontades, de agonias... É uma necessidade para que tudo se torne mais completo. Por que nos fechamos com medo de dividir nossos momentos? Um medo pelo outro, medo de alimentar demais ou de sugar as energias. Por quê? O estomago trava e nós sentimos sozinhos as dores e alegrias, nossa alma nos deixa leves e, de repente, pesados.A presença de um já grita pela do outro. Saudade das risadas espontâneas, dos gritos, do silêncio reprovador. Saudades dos momentos vividos, realmente sentidos na pele e no espírito. Saudades de estar presente e de não se preocupar em pensar nisso. Saudades de tudo que foi nesse tão recente que passou. Saudades, pura e simples, saudades. Mas é só mais um dia, só mais um encontro, só mais uma falta, só, mais uma vez, uma saudade.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Por isso hoje eu sou riso

É mesmo engraçado pensar nos momentos que vivemos. Mais ainda pensar em nós daqui a alguns anos pensando nesses momentos. Vamos rir. Rir das bobagens, das brigas, dos erros, dos amores… vamos rir de tudo que passou pelo simples fato de já ter passado. E se vamos estar tão confortáveis com todas essas situações, por que não descomplicar logo esses momentos? O nó na garganta, as bochechas rosadas, a lágrima escondida, a palavra mal falada. Por que não levar tudo na brincadeira, no riso, e não se preocupar tanto com o que nos impede de viver? Viver de verdade, sentir na pele… não fugir. Tudo passa. E essa será só mais uma fase. Tudo bem, talvez seja algo novo, algo que assuste, mas se daqui a algum tempo vamos rir porque não tivemos coragem de ter vivido algo… algo que talvez já seja bobo pra gente, por que não testar na hora em que surge em nossas vidas?
A minha proposta, tão nova e difícil, especialmente pra mim, é viver porque tenho vontade, é amar porque conheci um cúmplice, chorar porque preciso transcender as barreiras do meu próprio corpo. Ter a vontade e correr atrás dela sem medo do que virá a seguir... porque, na verdade, esse "a seguir" serão as risadas do que sempre acaba e passa. 

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Motivos

Mas qual a sua religião? É o teatro. Não, isso não tem nada a ver com religião, com crença. Por quê não? Eu acordo pensando no teatro, pensando em arte. Eu passo o dia procurando a arte em tudo o que eu faço, e mais, eu respiro arte. Continuo sem entender sua visão. Você acorda e reza, pedindo a Deus pra iluminar seu caminho, certo? Sim. Eu acordo e procuro uma poesia, essa poesia me acompanha o dia inteiro, me dando força ou aliviando minha dor. Em dias mais complicados eu acordo e faço uma poesia, da maneira que for. E por exemplo, antes de dormir você também reza, não é?! Sim. Antes de dormir eu leio meu texto, eu viajo nos personagens, eu vejo algum filme que me ajude a viajar mais ainda sobre esses personagens. Eu visualizo todos eles, sinto suas dores, angústias e também a felicidade. Eu consigo dormir sentindo emoções que eu não encontraria sozinho, descubro novas sensações e me permito, me entrego a cada uma delas, a cada bater mais forte no meu corpo. E você não sente a necessidade de acreditar em algo maior? Algo que te ajude a entender tudo que acontece na sua vida? O teatro pode não responder todas as minhas dúvidas, mas me ajuda a construir as minhas próprias questões. Ele me instiga, lá no fundo, ele não deixa que eu aceite tudo que eu escuto, ele me dá base para questionar. Eu encho o mundo de questões que provavelmente serão a angústia daqueles que não sabem questionar. Mas vai chegar uma hora que você vai precisar dessas respostas, os seus questionamentos não terão nenhuma função a não ser o seu próprio sofrimento. É nessa dor que a gente se junta e faz mais arte. Arte de todo o tipo, pura e simples, a arte. Porque mesmo sem saber explicar o que nos move, o que nos dá força, nós estamos lá uns com os outros, olhando no olho e sentindo. A gente sente na alma a vontade de continuar. Aos sábados e domingos quando você, quem sabe, talvez vá a missa, nós vamos ao ensaio. Nós também passamos tempo juntos, orando o texto, cantando as músicas, procurando a união dos sons e dos sentimentos. Nosso coro, cada vez mais alto e suplicante. Nós temos voz mesmo sem espaço para sermos ouvidos. Vocês também tem uma missa então. É, uma missa. Eu entendo um pouco melhor. O que? Você. Então me diz. Não é arte, teatro ou poesia. O que você não consegue explicar, isso que te atrai, que te une as pessoas, que faz seu coração bater mais forte quando lê um texto, quando se imagina no palco, quando está em cena com a respiração em harmonia com a de outro ator, isso tudo é amor. Você ama arte, é completamente apaixonado e, mesmo sem respostas, sem encontrar uma razão, é isso que você quer fazer. Você fica bobo, esquece tudo, se entrega... você ama e, com a arte, vive de amor.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Uma tentativa certeira

E eu creio que é assim que a gente começa. Um tornado de ideias e eu tentando me prender a uma, que, o mais rápido possível, possa ser moldada. Curiosa, pensativa e ainda deslumbrada com um "mundo" de possibilidades ao qual eu descobri fazer parte. Mas que mundo, realmente, é esse? Quem são essas pessoas que vão me aceitar e que poderão acreditar nas minhas ideias como benefício para o todo? E quem eu considero "o todo"?

São questões e mais questões que há duas semanas não saem da minha cabeça. Questões que vem de um momento de pura epifania, quando, numa tentativa que já nem eu acreditava, entrei para o grupo do laboratório de web-comunicação da UFRJ: o F5. Os incentivos que NÃO recebemos da faculdade ficam ainda mais visíveis no momento que 4 jovens com um potencial elevadíssimo decidem compartilhar experiências e conhecimento com alunos que possuem todo um potencial a ser trabalhado.

Já sinto as mudanças, não sei se é pretensão, mas é o que me parece nesse curto período de tempo desses encontros.  Tchau ao comodismo! Saí daquela situação que me trava, estou me livrando da parte de mim que não acredita. Em duas semanas, as perguntas começaram a se verbalizar. Afinal, qual a lógica da ideia brilhante, da sacação tão esperada, se não as compartilharmos?

E por muito tempo fui assim... observadora, minimalista e, acho que infelizmente, descrente. Percebia o erro, procurava uma solução, mas a abandonava. Quem escutaria uma menina? E hoje eu posso dizer, quem não escutaria essa menina? É a nossa hora, e a nossa voz vale muito. É uma energia, uma rede na qual as ligações são feitas por nós. Nós temos a oportunidade e precisamos fazer o barulho. Quem pode acreditar nas minhas ideias? Primeiro eu, nós. E será aí que ela ganhará forma pra se apresentar ao mundo. E que mundo? O meu, o nosso? Que limites eu mesma devo definir para que um projeto tenha qualidade e, com isso, movimente o maior número de pessoas possível para apoiá-lo?

Bom, no meio desse tornado, com certeza, existe alguma coisa que vai ficar. A sacada estará em quem souber aonde se apoiar e, assim, se manter depois do boom de ideias.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Minha alegria, meu cansaço.

A melodia dança na ponta dos pés dentro da minha mente. Ora gira, ora salta. Ora desliza, ora sapateia. O momento não seria o mais propício, se não fosse, é claro.

Encostada no V da minha cama, vivo momentos que creio nunca terem existido. Parecem tão reais em minha memória. O cheiro, o gosto, até as formas... tocar no concreto, no real. Mas não, deixei fluir meu pensamento pra longe, bem longe do ponto de encontro com meu juízo.

Ele se aproximou, o invisível invadiu meu corpo. Da onde vem essa explosão no meu peito que eu mesma já comprei para falsear a sensação de estar ao seu lado? A cada inspiração, ele me mata. O desejo, aquele simples desejo de, mais uma vez, estar plena, divagando em teus detalhes. Cada perfeição, cada ponto e linha e ah, cada curva!

 Tudo é tão real que já não me importo quando e se aconteceu, para mim simplesmente foi assim. As sensações me dizem mais que qualquer ato. Já me entreguei a qualquer ofegação. Por que não? No momento, é o que sou, uma menina ofegante.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Don't press

Faz tempo que não escrevo aqui. Ainda não descobri se perdi o jeito, a vontade... Na verdade, os textos surgem em momentos tão peculiares, tão precisos. Às vezes, por questão de segundos, perco o raciocínio inicial.
Deleto.
Aí novas ideias surgem, novos conceitos, novos valores. Vejo que já não faz mais sentido cantar algo antes planejado. O tempo passa - correria de sempre - e eu me sinto petrificada. Os olhos ainda se movem, ah sim, ele continuam observando.
Porém, deleto de novo.
Nos momentos de solidão e insegurança desenvolvo uma capacidade poucas vezes aproveitada. Arisco-me a ir a fundo nas minhas vontades e me conhecer melhor. Sinto-me plena. E, aos poucos, me conheço de uma forma até perigosa. Uma relação profunda e desgastante. Fluir o pensamento depois de momentos como esse é simples, porém revelador. Preocupam-me, as novidades. Desafios que nos fazem crescer, difíceis de tentar. Estou eu disposta a me conhecer no agora, no hoje?
Bom, só espero não me deletar.

quarta-feira, 31 de março de 2010

E ainda há explicação?

Havia um homem no centro da praça. Pois bem, o que fazia sozinho no domingo à tarde não sabia responder. Isso me trazia certa angústia. Os cabelos grisalhos eram vestígios do passado misterioso ou do presente que me atormentava.
Não trocamos nenhum olhar, e podia sentir a pulsação do nobre homem. Por que ele nunca havia aparecido no vazio da minha praça? Uma como outra qualquer, claro... mas ali vivia meu passado. Lembranças jovens, insanas algumas vezes, porém certamente alegres. Meus sentimentos tomaram conta do espaço. Não havia explicação. Tão longe e tão próximos. Numa fração de segundo ele me olhou, tomou conta de meus pensamentos e, então, aquela passou a ser a nossa praça.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Difícil é compreender

Cada suspiro que delineia as curvas do corpo, cada emoção guardada a fundo no canto da orelha. O carinho, ah, a perfeição. Todos os pensamentos convergem para o mesmo ponto.
O sentimento que a guia é, simplesmente, o que ele próprio a fez sentir. Invadiu, meio que sem jeito, o seu espaço. Nenhum dos dois havia planejado. Não queriam ser incomodados. Culpa essa necessidade contemporânea de só se interessar pelo prazer e pela liberdade. Também se culpa por não querer se prender. Ele, claro, intensifica sua culpa pelo simples fato de ignorar.Que filosofia de vida! Quando se encontram tudo é perfeito: as palavras são mágicas. Mas, ao chegar em casa, se esforçam para não ficarem viciados. Não querem sofrer e não vão. Acham isso lindo. Mas onde encontrarão o valor de um relacionamento? Como poderão criar vínculos? É tudo temporário. Talvez os dois tenham ânsia de um amor, de uma nova tentativa e, também, medo do futuro a dois. Mas é inevitável. Ambos se escondem atrás de máscaras de prazer. Ah, se amam, mas não aceitam a paixão. O transparecer de suas vontades entrelaçaria seus corpos em um momento infinito. Porém, se esforçam para chegar ao fim e vivem procurando desvendar tais mistérios. Aí, na verdade, o difícil é ser compreendido.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Mudanças

Tudo estava perdido. Talvez, se conseguisse ocupar a cabeça, mas faltava controle emocional para isso. Os silenciosos calos dos deos na iminência de urrar todas as solitárias contagens regressivas que passara. Vida nova.

Turbilhão de pensamentos e sentimentos, nada de compreensão. Não sentira mesmoo tempo. Tentou contar as rugas. Não fazia ideia do que poderia o surpreender, contudo sentia que nada ainda conseguiria.

O inesquecível verde do campo já não o encantava, o forte cheiro de madeira da casinha na quela sempre vivera era tragado pelo seu corpo e, pouco a pouco, o matava. Ele que nunca havia fumado.

Humilde, valorizou o trabalho no campo, mas poderia ele ainda ter valor? Com o olhar melancólico, levantou-se de onde , até então, estivera se despedindo. Caminhou lenta e contemplativamente até o patrão, que não se comoveu com a angústia do momento.

Mala no ombro. Agora, lembrando do dia em que havia chegado, seguia sozinho. Os corações também foram substituídos por máquinas? Século XXI, vai saber.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

É, era uma história de amor...

Logo eu, que bato no peito pra dizer que amo o Brasil. Eu, que quando viajo grito "sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor". Eu, que fico revoltada quando escuto meu irmão dizendo que isso aqui já era. Eu, que, sem explicação, fico babando com a beleza desse lugar. Logo eu.
Já estava idealizando uma nova história, escrevendo algo bonito. Pra que? Se o Jornal Nacional acabou com esse momento com a podre discussão de hoje no Senado. Aonde vamos chegar? Até onde uma pessoa consegue chegar a custa dos outros?
Esse país é ridículo; Brasília é uma vergonha.

travei.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

se for... que não seja

Na verdade, se é que ainda existe uma, o conflito está cada vez mais intenso. O nó me sufoca a cada segundo e o psicológico não encontra nenhum ponto para se sustentar. Sei que é preciso continuar, apesar "das pedras no meio do caminho". Pior, sei que é preciso mais do que eu consigo suportar. Vivo numa condição que me impõe limites dos quais eu caio sempre que tento ultrapassar, mas o rocky ensinou a importância de continuar seguindo mesmo com as pancadas da vida. E eu não sei se é porque o tempo está passando, eu crescendo e os problemas surgindo ou se tudo resolveu, realmente, cair como em um bombardeio.
O questionamento é necessário até para os mais idealizadores e, coitados, são os que mais sofrem. O mundinho cai e ficam perdidos. Descrentes. E essa descrença impulsiona todos para o mesmo ponto. Para o fundo do poço. A fossa da vida. Tudo vira merda, se o pudor também não me limitar nas palavras. Talvez isso crie as impossibilidades humanas, as caras feias, que ninguém gosta de ver e muito menos de compartilhar. Isso tudo cria um desconforto, que não tem explicação em suas pontadas mais íntimas e já não se pode determinar de onde surgem. Já não vejo a necessidade de fingir que concordo, que me sinto bem e que apenas esquecerei. Não posso levantar minha cabeça e incentivar que meus amigos façam o mesmo. Eu preciso estar preparada para levantar e seguir, para pensar na resposta e não ser tão imediatista. Eu preciso, mais do que nunca, de um sorriso que não seja o do meu espelho. Que não me cobrem o que não posso oferecer no momento. Também preciso. Também sinto. Minha máscara se perdeu assim como os sentidos.
A vida está passando como um elástico remendado sendo esticado aos poucos e que está na iminência de arrebentar. Sigo em frente, claro. Mas as angústias crescem. Lamento a inexatidão e a fraqueza.
Espero, enfim, que se for verdade, não seja verdadeira.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Eu vou tentar...for you.
Não sei muito bem sobre o que escrevo. Depois de horas, e algumas outras horas, coçando a cabeça, olhando pro livro, pensando na formação de cada palavra, nada sai. Não flui. Minha cabeça vai e volta, vai lá no mundo imaginário, que ele ganhou de presente de uma amiga meio indefinida, uma amiga ausente, uma amiga não amiga, e eu me senti no direito de pegar emprestado. De vez em quando eu faço uma visita a esse lugar afrodisíaco. Brinco com a concepção. Nunca sou a mesma e vivo tantas aventuras. Ahh. Não que eu tenha que ir à Pasárgada para fugir de uma realidade que me limita, muito pelo contrário, lá é só uma continuação. Eu continuo meus desejos sem fim. Hum, ele sempre reclamou que eu nunca terminava os jogos quando era criança. Na verdade, ele não sabia que eu já terminara lá no M.I. -mundo imaginário - e que, claro, eu já tinha a vitória.
Sinto uma agonia quando penso que quem me introduziu para a realidade fora da realidade comum não compartilha comigo esses momentos. Vai ver ela revelou esse segredo porque já sabia que iria abandoná-lo. Vai ver ela se conformou e agora seu objetivo dissipar os prazeres daquele desconhecido.
Whatever, é lá que meus pensamentos vão parar quando tento começar a escorregar as mãos no papel ou no teclado. Passo por todos os lugares do mundo, lembro de todos os amores, conheço as mais belas obras e , de repente, vejo tudo branco. É, é uma cegueira bonita - José Saramago que o diga - é uma cegueira que traz esperança e que me estimula a preenchê-la. Lá vou eu. Sem ver aonde posso chegar, vou traçando um caminho. E ele vai me consumindo aos poucos, vou sentindo cada consoante, cada vogal; até o ritmo que tenho para expulsá-las me dá alegria, prazer. Parece que uso meu sangue como tinta, pois uma parte de mim ali fica.
Sinto que estou fraca. Tento vencer. Tento passar o necessário e, assim, compartilhar meu vazio. Meu vazio que, ao final de cada sacrifício, é mais completo.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

tentativa tentação

E ela é assim,
um sim,
amiga
bonita
sozinha,
assim.

No calar da madrugada,
após ser revirada
pelas palavras da atriz,
ela é assim.

A Cinelândia parece pequena,
os pensamentos já vêm no esquema,
e o texto surgiu assim
é gato,
é rato,
é samba,
e elas se encontram aqui.

Ela é diferente
escreve não o que sente,
tenta dialogar.
Selaram um contrato
e já até postaram
sem esperar pelo jantar.

Aliviou a angústia interna
agredindo todas as teclas,
vive bem assim.

Ai, menina, não fica mais sozinha.
Deixa de ser assim !